A R Q U I T E T E M O S
Arquitetura ∙ Arte ∙ História ∙ Urbanismo
sábado, 31 de janeiro de 2015
Áreas da Arquitetura e Urbanismo
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Estrutura de Alvenaria e Estrutura Metálica: vantagens e desvantagens
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Como ocorrem as implosões
sábado, 3 de agosto de 2013
Porque estudar Arquitetura pt.2
domingo, 2 de setembro de 2012
Regionalismo Crítico
“Uma região pode desenvolver ideias. Uma região pode aceitar ideias. A imaginação e a inteligência são necessárias para ambas as coisas”
Kenneth Frampton – História crítica da Arquitetura Moderna
O progresso da humanidade está implícito ao fenômeno da universalização, destruindo, contudo, os núcleos éticos e culturais das grandes civilizações e das culturas tradicionais, levando a conflitos. Uma nação para se desenvolver tem de se desenraizar de algum modo do seu passado e racionalizar-se científica e tecnicamente. Nem todas as culturas conseguem absorver o impacto da civilização moderna. O ideal seria um progresso aliado às origens.
O regionalismo crítico pretende identificar determinados fenômenos regionais (cultura,mito, artesanato, clima) e interagi-los e integrá-los com determinados “serviços” úteis para a prosperidade da região. A representação disso no futuro dependerá da nossa capacidade para gerir formas de cultura regional, onde se incorporem influências externas de outras civilizações. É importante respeitar a topografia, os materiais da região, o artesanato, as subtilezas da luz local; um respeito que se sustém sem cair no sentimentalismo de excluir as formas racionais e técnicas modernas. A cultura regional não deverá ser algo dado e imutável,mas um dado consciente.
O regionalismo crítico manifesta-se como uma arquitetura conscientemente delimitada, dando especial realce ao enquadramento tectônico da obra, estabelecendo limites físicos e temporais ao arquiteto. O princípio regional alimenta a cultura local embora sempre aberta à admissão e assimilação de ideias procedentes do estrangeiro. A força da cultura provinciana reside na sua capacidade para condensar o potencial artístico e crítico da região ao mesmo tempo que assimila e interpreta as influências externas.
Kenneth Frampton aborda diversos conceitos culturais e arquitetônicos com a referência a vários locais, onde demonstra a capacidade de simbiose entre os aspectos tradicionais e culturais e outros elementos alheios às diferentes civilizações. Referência a vários arquitetos e às suas obras com tendências regionalistas, entre outros Bohigas, Coderch ambos da escola de Barcelona, vivendo uma situação cultural complexa no ante guerra, obrigados por um lado a obedecer aos valores tradicionais e por outro à responsabilidade política; Álvaro Siza, cujas obras são sempre respostas às paisagens onde são inseridas e respeitando os materiais e as condições locais; Abraham e Barragan cujas casas adotam uma forma topográfica. Nas obras deste último são bem visíveis as marcas da sua origem mexicana, tendo absorvido as suas influências e embora modernizado, foi sempre muito crítico em relação aos vários aspectos da vida quotidiana moderna. Critica as condições de vida quotidiana atuais e a falta de intimidade que nos invade através do rádio, televisão, telefone; o afastamento cada vez maior entre os seres humanos e a natureza, mesmo quando saem das áreas urbanas, devido ao “encerramento” do homem no automóvel.
Distinguem-se dois tipos opostos de regionalismo crítico: o restringido e o liberado. Este permite uma maior liberdade de expressão; são sintonizados os pensamentos surgidos na época e nesse lugar, de forma mais consciente e mais livre do que o era tradicionalmente; a sua virtude é que a manifestação desse regionalismo tem significado também para o mundo exterior a ela. Para o expressar de maneira arquitetônica é necessário construir bastante – muito e em pouco tempo. O Movimento Moderno dirige-se à universalidade; encerrado a estilos de vida individuais e à diferenciação regional. É difícil expressar através de um vocabulário aberto e internacionalista, as sensibilidades, os costumes, a consciência estética, a cultura diferenciada e as tradições sociais.
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segunda-feira, 16 de julho de 2012
Arte Egípcia
Quando pensamos em mostra artística egípcia temos um padrão de pensamento beirando a unanimidade: pirâmides e desenhos de pessoas quase sempre na mesma posição corporal e sem nenhuma feição.
Não é para menos: a característica mais marcante de arte egípcia, além da forte aproximação com a esfera religiosa, é justamente as formas geométricas bem definidas e os corpos todos em padrão.
Era de costume desse povo que, quando alguém muito importante morresse, fossem mortos também seus servos para que acompanhassem até a chegada aos céus. Percebendo a pouca praticidade dessa atitude, o sacrifício dos servos foi substituído pelas pinturas. As pirâmides serviam como grande cemitério guardando os corpos de diversos nativos e, para acompanhar a chegada dos mesmos aos céus, eram feitos desenhos nas paredes de suas tumbas. Essa atitude vem de um ato mais antigo praticado pelos povos primitivos: os desenhos feitos nas cavernas (as pinturas rupestres) não contavam histórias, mas sim exprimiam desejos. Os caçadores primitivos acreditavam que se fosse feito uma imagem de sua presa os animais verdadeiros sucumbiriam ao seu poder. Uma conjectura, pois bem, mas muito bem apoiada.
Para ser artista nessa época que se iniciou por volta de 3.000aC, era preciso seguir regras de representação. O imperador deveria ser a figura humana em maior escala; sua esposa, seus filhos, seus servos e qualquer outra figura humana deveria ter um tamanho notavelmente reduzido; as estátuas sentadas deveriam ter suas mãos levadas ao joelho; homens deveriam ser pintados com cores mais escuras em relação às mulheres; o Rei Anúbis deveria ser representado com uma cabeça de chacal e Hórus com cabeça de falcão.
Outro ponto importante na arte egípcia é o de que todo o desenho era representado na sua forma mais característica. Para compreender tal, basta olhar ao desenho. O rosto é melhor visto quando de perfil e apesar disso, os olhos eram sempre desenhados como se estivessem de frente; os ombros, também desenhados de frente, asseguram o seu melhor ângulo e, reparem, dois pés esquerdos mostram que os artistas da época ignoravam os dedos.
Essa tradição rigorosa sofreu um abalo com a chegada da 18ª Dinastia, em 1360aC com o imperador Akhnaton. O imperador era devoto do deus Aton e não ligava para a rigidez da época. Os desenhos, durante aproximadamente 30 anos, tomaram formas diferenciadas: auréolas e raios solares ao fundo como representação religiosa, homens e mulheres desenhados na mesma escala e na mesma cor, mãos pousadas fora do joelho e os dedos dos pés, por fim, foram exibidos. Essa expressão durou até mais alguns anos no reinado de Tutankhamon que não demorou muito e fez-se restaurar as velhas crenças.
Quanto às edificações, eles desprezavam a linha curva e faziam constante uso de verticais e horizontais e, a partir delas, o triângulo, que tinha um significado mágico a esse povo. De estrutura simples e regular, os templos tinham temática mortuária (como quase tudo o que esse povo criou), ganhando destaque o Templo da Rainha Hatshepsut e a Tumba de Tutankhamon. O posicionamento de todas as construções seguia o conceito de força vital emanada pelo sol como reguladora do ciclo da vida e da morte e era pelo curso do Nilo que essas construções se orientavam.
Quando olhamos para toda a monumentalidade das obras egípcias, é de se perguntar quanto tempo e quanto esforço fora gasto. Tempo já estamos certos que não fora muito: há especulações que as Pirâmides de Gizé tenham levado 20 anos para serem finalizadas, o que pode ser um prazo bem curto, levando em consideração que os egípcios trabalhavam nas obras durante 5 meses no ano. Esses 5 meses se referem ao período de baixa(seca) do Nilo, em que a agricultura se tornava quase inviável.
Imhotep, o primeiro arquiteto da história conhecido por nome, trabalhou por volta de 2.778 aC no complexo funerário de Zoser, Sakkara. A construção é uma pilha de mastabas, o que originou as pirâmides em suas formas mais conhecidas. Nesse período, o uso de materiais construtivos se resumem a pedra e argila.
Os egípcios viam sua arte como o ápice da perfeição e acreditavam que ela jamais se abalaria. Seguindo esta linha de raciocínio, é de se perceber que os egípcios construíam para a eternidade. Até hoje suas obras são alvo de estudos que não conseguem chegar além de especulações.
Fonte: Gombrich, E. H. “História da Arte”, LTC, Rio de Janeiro, 2008.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
O cliente sempre tem razão?
Hora polêmica...
Posso sentir o furor após a afirmação, mas tenho que dizer que nunca concordei com a premissa de que o cliente tem razão, mesmo quando sou cliente.
Não tem coisa mais chata quando eu, em condição de cliente, percebo que o vendedor quer me empurrar algo mesmo que não me sirva. Uma peça de roupa que não tenha dado certo, um sapato que não combina... Eles dizem que ficou lindo e deixam muito óbvio o fato de que querem apenas vender.
Não posso nem imaginar o quão pior fica a situação quando se trata de um arquiteto querendo vender seu projeto. Fazem tudo o que o cliente pediu, mesmo sabendo que aquilo é inviável estética ou ergonomicamente falando. Fazem de tudo pra agradar, até jogam sua credencial na fogueira.
Mas será que o cliente sempre tem razão? Eu tenho certeza que não. Ele não faz ideia do que fala por que, se soubesse, jamais teria lhe procurado! Eles nunca sabem o que querem até que você apresente a eles!
Me lembro de um trabalho da graduação em que tínhamos que projetar uma casa para uma família que já tinha em mente algumas preferências e uma delas era um banheiro que tivesse 2 portas que dessem em quartos distintos.
Trágico.
Que Arquiteto nesse planeta que tem amor pelo seu título, que estudou 5 anos e passou várias noites em claro teria a coragem de fazer algo assim? Na minha classe teve... e pelo resultado (inesquecível, diga-se de passagem) pude concluir que seguir 100% os requisitos do cliente não é o trabalho de um Arquiteto. Pelo menos não o de um que se preze.
Você não precisa se ajoelhar na frente do cliente e começar a perguntar "Por que, Deus?!" mas cabe ao Arquiteto dar uma orientação sutil que essa é uma ideia maluca.
Se o cliente insistir muito nesse devaneio, ceda. Mas ceda sabendo que a sua parte você fez.
Imagem recebida por e-mail. Segundo o remetente, ela está pendurada na parede de uma oficina mecânica.
Repito que, se o cliente tivesse razão, não estaria te procurando. Ele nunca tem razão e você tem que deixá-lo pensar que tem. Intervir numa maluquice, por exemplo, é fazer o seu papel, pôr em prática os anos de estudo e experiência sem deixar óbvio que o cliente é um leigo (e muitas vezes arrogante).
A grande questão é como se comportar nesses casos. Temos registros históricos que, desde a época de Bernini e Borromini o ego dos Arquitetos fora e continua sendo bem inflado. Não é para menos: no Renascimento eles eram tratados como representações divinas na Terra seguindo a linha de raciocínio de que "o Homem fora feito à imagem e semelhança de Deus; a obra que eu construo é à imagem do Homem; logo, o que construo é divino". Porém, alguns profissionais se esqueceram que os tempos mudaram e preferiram continuar nessa conclusão um tanto arrogante para os dias de hoje.
A partir disso, temos aqueles 2 padrões de projetistas: o Sabe-tudo e o Sei-de-nada (com todo respeito, ou só um pouco dele...). O Sabe-tudo é aquele que ainda vive no Renascimento e se acha Deus, não quer dar ouvidos a ninguém e acha que seus projetos são expressões do ápice de sua inteligência e criatividade, subestimando o cliente e o afastando ao máximo. O Sei-de-nada é o oposto: ele até sabe bastante coisa (ele conseguiu se formar!!), mas por motivos de preguiça ou algum outro, ele não gosta de exercitar a experiência e deixa que o cliente decida tudo, apostando que essa é a melhor forma de vender seu projeto.
Assim, temos de um lado o Arquiteto que tem consciência até de mais que o cliente não tem razão e do outro lado o Arquiteto que acha melhor não crer nessa afirmação. Esses dois casos só acumulam erros e não há nada de ponto positivo. Para o Arquiteto que "se acha", fica a dica que ser arrogante não é thumbsUp. O cliente precisa de atenção, de alguém que seja humilde o suficiente para notar sua necessidade, captar seu estilo, projetar algo à altura e, caso o cliente tenha algum devaneio, instruir sobre qual a melhor forma de projeção. Ao Arquiteto preguiçoso, que seja dito (e re-dito) que o cliente te procurou para ter alguém que solucione o problema e a necessidade dele, não alguém que apenas assine o seu "projetinho".
Me lembro de outro caso em que um homem tinha acabado de construir a casa e estava na etapa da decoração. Infelizmente ele era um daqueles homens que entendiam MUI BIEN de "dizáini" e queria de toda forma colocar piso branco e verde (sim, quadrados intercalados) no corredor dos quartos e, não o bastante, em todos os quartos. Nos primeiros minutos falando com ele ficou muito claro que aquela era a causa pela qual ele iria até à guerra e, sendo assim, quem sou eu pra destruir um sonho? Por algum motivo desconhecido as filhas dele nunca convidaram se quer um amigo pra conhecer a casa nova.
Esse segundo caso foi um exemplo bem cabível do que eu gostaria de falar: clientes nunca tem razão; eles nunca entenderão o seu(nosso) trabalho e não é por isso que temos que ser arrogantes ou deixar nas mãos de um leigo todo o percurso do projeto. Orientar a pessoa que lhe procura é um grande passo. Façamos a nossa parte!