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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Arte Egípcia

Vue du sphinx et de la grande pyramide, prise du sud-est. Cuivre - Schroeder - 43,2 x 60 cm - Eau-forte, burin

Quando pensamos em mostra artística egípcia temos um padrão de pensamento beirando a unanimidade: pirâmides e desenhos de pessoas quase sempre na mesma posição corporal e sem nenhuma feição.

Não é para menos: a característica mais marcante de arte egípcia, além da forte aproximação com a esfera religiosa, é justamente as formas geométricas bem definidas e os corpos todos em padrão.

Era de costume desse povo que, quando alguém muito importante morresse, fossem mortos também seus servos para que acompanhassem até a chegada aos céus. Percebendo a pouca praticidade dessa atitude, o sacrifício dos servos foi substituído pelas pinturas. As pirâmides serviam como grande cemitério guardando os corpos de diversos nativos e, para acompanhar a chegada dos mesmos aos céus, eram feitos desenhos nas paredes de suas tumbas. Essa atitude vem de um ato mais antigo praticado pelos povos primitivos: os desenhos feitos nas cavernas (as pinturas rupestres) não contavam histórias, mas sim exprimiam desejos. Os caçadores primitivos acreditavam que se fosse feito uma imagem de sua presa os animais verdadeiros sucumbiriam ao seu poder. Uma conjectura, pois bem, mas muito bem apoiada.

Para ser artista nessa época que se iniciou por volta de 3.000aC, era preciso seguir regras de representação. O imperador deveria ser a figura humana em maior escala; sua esposa, seus filhos, seus servos e qualquer outra figura humana deveria ter um tamanho notavelmente reduzido; as estátuas sentadas deveriam ter suas mãos levadas ao joelho; homens deveriam ser pintados com cores mais escuras em relação às mulheres; o Rei Anúbis deveria ser representado com uma cabeça de chacal e Hórus com cabeça de falcão.

deus_anubis

Outro ponto importante na arte egípcia é o de que todo o desenho era representado na sua forma mais característica. Para compreender tal, basta olhar ao desenho. O rosto é melhor visto quando de perfil e apesar disso, os olhos eram sempre desenhados como se estivessem de frente; os ombros, também desenhados de frente, asseguram o seu melhor ângulo e, reparem, dois pés esquerdos mostram que os artistas da época ignoravam os dedos.

Essa tradição rigorosa sofreu um abalo com a chegada da 18ª Dinastia, em 1360aC com o imperador Akhnaton. O imperador era devoto do deus Aton e não ligava para a rigidez da época. Os desenhos, durante aproximadamente 30 anos, tomaram formas diferenciadas: auréolas e raios solares ao fundo como representação religiosa, homens e mulheres desenhados na mesma escala e na mesma cor, mãos pousadas fora do joelho e os dedos dos pés, por fim, foram exibidos. Essa expressão durou até mais alguns anos no reinado de Tutankhamon que não demorou muito e fez-se restaurar as velhas crenças.

Tutankhamon

Quanto às edificações, eles desprezavam a linha curva e faziam constante uso de verticais e horizontais e, a partir delas, o triângulo, que tinha um significado mágico a esse povo. De estrutura simples e regular, os templos tinham temática mortuária (como quase tudo o que esse povo criou), ganhando destaque o Templo da Rainha Hatshepsut e a Tumba de Tutankhamon. O posicionamento de todas as construções seguia o conceito de força vital emanada pelo sol como reguladora do ciclo da vida e da morte e era pelo curso do Nilo que essas construções se orientavam.

Quando olhamos para toda a monumentalidade das obras egípcias, é de se perguntar quanto tempo e quanto esforço fora gasto. Tempo já estamos certos que não fora muito: há especulações que as Pirâmides de Gizé tenham levado 20 anos para serem finalizadas, o que pode ser um prazo bem curto, levando em consideração que os egípcios trabalhavam nas obras durante 5 meses no ano. Esses 5 meses se referem ao período de baixa(seca) do Nilo, em que a agricultura se tornava quase inviável.

Zoser

Imhotep, o primeiro arquiteto da história conhecido por nome, trabalhou por volta de 2.778 aC no complexo funerário de Zoser, Sakkara. A construção é uma pilha de mastabas, o que originou as pirâmides em suas formas mais conhecidas. Nesse período, o uso de materiais construtivos se resumem a pedra e argila.

Os egípcios viam sua arte como o ápice da perfeição e acreditavam que ela jamais se abalaria. Seguindo esta linha de raciocínio, é de se perceber que os egípcios construíam para a eternidade. Até hoje suas obras são alvo de estudos que não conseguem chegar além de especulações.

 

Fonte: Gombrich, E. H. “História da Arte”, LTC, Rio de Janeiro, 2008.

Um comentário:

Rob Novak disse...

Olá Tainá! Há mais de ano que me mantive longe dos blogs, mas pretendo voltar aos poucos. Legal suas publicações nesse tempo. Essa da arte egípcia é muito interessante. Aprende-se muita coisa analisando apenas um aspecto da cultura de um povo, por exemplo, a arquitetura e as pinturas.
Abs!