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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O Brasil e a Copa do Mundo

A Copa do Mundo é nossa!

O ano de 2014 é um ano muito esperado pelos brasileiros apaixonados por futebol, mas enquanto a copa não chega, os que se deleitam são os apaixonados por arquitetura.

Aos 30 de Outubro de 2007, diretamente de Zurique, Suíça, o Brasil foi o país escolhido para abrigar os 64 jogos da Copa de 2014 em 12 estádios espalhados pelo território. Para mostrar que faz bonito não só no futebol, estão sendo reformados 6 estádios e construídos mais 6. O problema é que, com pouco tempo para terminar, muitos deles estão nas fases primárias e outros nem começaram ou estão parados por falta de verba.

A arquitetura de cada dia dá-nos hoje

Não pense que ser um estádio para a copa é fácil! Para ser nomeado tal, é preciso corresponder aos requisitos da FIFA que não são nem poucos nem humildes! Para encarar a responsabilidade de entrar para a história do futebol, os arquitetos rebolaram para fazer um projeto que coubesse às exigências que vão desde o estacionamento até a construção sustentável.

O manual corrente contendo todas as regras de construção do estádio é utilizado desde 2004. Entre os requisitos mais importantes, estão: mínimo de 30mil assentos para jogos internacionais, 50mil para um jogo final de Copa das Confederações e 60mil para a final de uma Copa do Mundo; deve haver hotéis, centros comerciais e aeroporto nas proximidades do estádio. Para maior conforto do público e dos jogadores, o estádio deve estar construindo de forma que o sol não ofusque a visão de ninguém e ao mesmo tempo a cobertura esteja com uma abertura suficiente para insolação e ventilação adequada. No quesito segurança deve haver escadarias, portões e corredores sinalizados e livres de obstáculos; câmeras de vigilância interna e externa e ao menos uma sala de primeiros socorros a qual o público possa acessar facilmente estando dentro ou fora do estádio.

A FIFA também exige gramados com 105m de comprimento por 68m de largura e os assentos devem corresponder a uma medida mínima imposta pela Federação. Além disso, não deve haver barreiras separando as arquibancadas do campo de jogo e todos os torcedores devem ter uma visibilidade perfeita do campo.

Quanto à sustentabilidade, foram apresentadas imposições no mínimo interessantes e que deveriam ser adotadas não só pelos estádios que receberão a Copa. Green Goal é o nome do programa da FIFA para a redução das emissões de CO2 em seus eventos. Focaliza pontos que vão desde a coleta seletiva de lixo à economia de energia com a utilização de painéis fotovoltaicos. Seguindo o pensamento verde, O Estádio de Brasília, segundo um dos autores do projeto o arquiteto Vicente de Castro Mello, a nova arena terá 87% dos pontos na escala de certificação.

“Queremos que a Copa do Mundo da FIFA de 2014 seja considerada os Jogos da Sustentabilidade, tendo destaque para a o papel da capital do país como referência mundial”, afirmou o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.

“É importante também ter uma programação de utilização do estádio pois, mesmo parado, ele vai ter gasto com manutenção. Um estádio sustentável com captação de energia eólica ou solar e captação da água da chuva diminui esse gasto.” argumentou o arquiteto Vicente Castro Mello em entrevista à JovemPan OnLine, prometendo que o Brasil não vai ficar devendo quanto à arquitetura.

Os outros estádios que serão reformados além do de Brasília, são: Estádio Castelão (Fortaleza), Arena da Baixada (Curitiba), Estádio Beira-Rio (Porto Alegre), Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro) e Estádio Mineirão(Belo Horizonte).

O Mineirão, segundo o arquiteto responsável pelo projeto Gustavo Penna, a reforma visa harmonizar e valorizar a cultura brasileira. A obra, afirma o arquiteto, será trabalhosa já que terão de ser feitos inúmeros reparos para que o estádio esteja de acordo com as regras da FIFA, entre eles rebaixamento do gramado e a construção da cobertura que será de metal e membranas de policarboneto.

Já em Fortaleza, o governo Cearense descartou a possibilidade de demolição do Castelão. Para compensar, o estádio passará por uma reforma “sem as extravagâncias europeias” com o objetivo de revitalizar a área urbanística. “Nós pensamos um estádio como um complexo esportivo-comercial que seja uma centralidade no bairro. Ele nunca será um elefante branco”, aposta Vigliecca, arquiteto responsável. As adaptações serão o aumento do número de assentos e algumas adequações às exigências da FIFA. Para enquadrar às normas do Green Goal, o projeto prevê a instalação de torres de geração de energia eólica e sistema de captação de águas pluviais.

Grama de ouro

O orçamento total das obras apresentado pela Confederação Brasileira de Futebol em 2007 beirava R$ 1,94 bilhão para reformar e construir. O último orçamento atualizado (junho/2011) apresentou a bagatela de R$7bilhões para reformar ou construir. “Este valor deve subir ainda mais, já que boa parte dos contratos não prevê a compra de assentos, refletores, gramados e das intervenções ao redor das arenas.” Argumentaram Rafael Massimino e Diego Salgado, redatores do site Copa2014.

De todas as doze obras, a que mais se encontra adiantada é a do Estádio Mineirão, em BH, apesar da greve dos trabalhadores em junho/2011 que reivindicavam melhores salários (a faixa salarial beirava o salário mínimo). A paralisação aconteceu no estágio de demolição de partes da área externa e colocação de estacas e blocos de fundações para as novas arquibancadas.

A maioria dos estádios se encontra em estágio prematuro levando em consideração o pouco tempo que há até a data final. Quase todos enfrentam problemas com suas respectivas construtoras e, apesar da abundância de recursos que fora liberado para cada um, as obras avançam lentamente. O estádio mais atrasado é o de Natal, o Estádio das Dunas, que após 1 ano de projeto, não teve montado se quer o canteiro de obras.

Sem abrir muita vantagem à frente de Natal, e com um custo nada simplório, o prometido estádio do Corinthians enfrenta problemas com verba. Após o veto da FIFA sobre o Morumbi, a cidade de São Paulo tem a construção da Arena Corinthians como única opção para fazer parte da Copa. Com a decisão tomada em cima hora, a construtora que assinou o projeto ainda dá por “indefinido” o financiamento de R$1bilhão e o sonho paulistano de celebrar a abertura da Copa vai ficando cada vez mais para trás.

O projeto mais caro fica por conta do famoso Maracanã. A reforma de um dos maiores estádios do mundo vai custar por volta de R$1,1bilhão. O alto custo tem uma justificativa: a estrutura do estádio de mais de sessenta anos está comprometida e só a melhoria da mesma acarreta um custo de R$400milhões. Para cobrir o valor total, será feito uma extensão da cobertura, aumento no número de camarotes e a reconstrução da arquibancada inferior. O preço salgado da obra também se justifica pelo fato do “Maraca” ser a sede das cerimônias de abertura e encerramento das Olimpíadas de 2016.

Serão construídos 6 estádio em 6 estados a saber: Cuiabá com Arena Pantanal; Grande Recife com Arena Pernambuco; Manaus, Arena Amazônia; Natal, Estádio das Dunas; Salvador, Arena Fonte Nova e a cidade de São Paulo com a Arena Corinthians.

O fim da festa

Diante de toda essa euforia as mentes são ocupadas pelos transtornos da construção, mas poucas são as pessoas que conseguem ter noção de todo o impacto dessas obras na sociedade. Dentre os pontos positivos e os negativos, fica difícil dizer qual recebe mais notoriedade.

A princípio, todo o gasto com a celebração parece uma pisada de bola, já que os bilhões gastos “para inglês ver” poderiam ser utilizados nas áreas de saúde e educação. Apesar dessa ser uma ótica grosseira, é preciso levar em conta o retorno a curto prazo que o mercado receberá com o fluxo de turistas que, segundo o governo, são previsto 500mil deles injetando cerca de R$3bilhões no nosso comércio. É também esperada a criação de cerca de 20mil novos empregos. A longo prazo temos a valorização dos terrenos a cerca das obras; fato que pode tanto turbinar o comércio quanto selecionar a classe a usufruir do espaço e dividir ainda mais a sociedade.

Para aguentar o fluxo de pessoas durante essa época festiva, o Governo está dispondo de aproximadamente R$8bilhões para o melhoramento da infra-estrutura das cidades sede, como a melhora dos aeroportos e do transporte público. Natal e Fortaleza, por exemplo, antes dispunham de um aeroporto pequeno e agora terão um internacional. Legado esse que é indiscutivelmente de grande valia para a sociedade.

 

Texto escrito em Julho de 2011 para publicação no site de extensão acadêmica VIRAU da Universidade Sagrado Coração, Bauru, São Paulo.

 

Fontes:

http://www.copa2014.org.br/

http://www.portaltransparencia.gov.br/copa2014/

http://pt.fifa.com/worldcup/index.html

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