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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A origem das favelas

 

Foto-favela

É absurdo dizer que as favelas

são não-arquitetura. Se alguém faz

uma pintura, mas não é um pintor qualificado,

significa que o que pintou não é uma pintura?”

Sean Scully

 

Os problemas urbanos sempre existiram. As favelas são hoje um dos maiores ícones de subdesenvolvimento das cidades por serem palco da miséria e outros tantos problemas sociais como o tráfico de drogas, a falta de saneamento e salubridade, segregação socioespacial e descaso com a população.

O termo “favela” surgiu após a Guerra de Canudos (1896). Os soldados, ao voltarem ao Rio de Janeiro, ficaram desabrigados pelo fato de terem exigido do Governo casa própria e por lhes terem sido negado. Começaram, então, a habitar temporariamente alguns morros, juntamente com desabrigados e ex-escravos (o primeiro morro habitado foi o morro da Providência). Batizaram de “favela” referenciando uma planta resistente à seca encontrada em morros, no Nordeste, perto da cidade em que combateram.clip_image002[4]

Até então pequena e despretensiosa, a favela cresceu demasiadamente bem com a Revolta da Vacina de Oswaldo Cruz em 1904 no Rio de Janeiro, impondo a destruição dos cortiços. O famoso “bota abaixo” visava o fim dos cortiços a fim de terminar com a varíola e outras doenças que se proliferavam nesse vetor carente de salubridade. No lugar dos quase 1.600 casarões foram construídos edifícios e jardins, e a população desabrigada sem amparo governamental tratou tão logo de buscar abrigo: seu achado foram as favelas, até então provisórias, dos soldados.

Em 1980, com o fim da Ditadura que arrasara cerca de 80 comunidades irregulares, as favelas voltam com mais força com o incentivo governamental de legalização das favelas.

A partir de 1990, já com a verticalização da mesma, podemos associar seu crescimento a diversos fatores como a crescente industrialização; as transformações das relações de trabalho no clip_image005[4]campo; o êxodo rural; a expropriação de pequenos proprietários rurais (reflexo do capitalismo) entre outros. A busca nas capitais por melhores condições de vida fizeram com que as favelas se tornassem um dos maiores problemas urbanos de quase todos os países, sendo mais frequente na América Latina e África. Segundo IBGE, estima-se que em 2020 haverá, em escala mundial, 1,4bi de pessoas morando em favelas com uma renda média de três salários mínimos.

Entre as características desse tipo de habitação no Brasil, podemos destacar:

- apropriação irregular de terreno;

- ausência de segurança, salubridade e saneamento;

- vínculo com o tráfico de drogas e mercado ilegal de armas;

- ausência de instalação elétrica adequada.

Os problemas que a favela acarreta se volta contra a sociedade, inevitavelmente. Apropriando-se irregularmente do terreno, ela segrega a população, incita ao preconceito, expõe a riscos a vida das pessoas que a habitam e degradada o meio-ambiente. A população de favelas fica suscetível a perder seus bens e familiares com deslizamentos de terra e enchentes e o lixo todo produzido por essa população dificilmente é descartado corretamente, poluindo a área. Ainda sem contar os freqüentes conflitos com o tráfico de drogas que fazem da favela palco do crime e da guerra urbana, expondo ainda mais a integridade dos inocentes que lá habitam.

clip_image007[4]Urbanizar a favela ou remove-la? Essa resposta nem o Governo, que vem investindo em políticas de urbanização e ao mesmo tempo de remoção, sabe responder. Nasceram despretensiosamente e sempre contaram com o descaso governamental e social; hoje o tema Favela recebe notoriedade na mídia e ainda há muita coisa para se fazer para melhorar as condições de vida dos usuários desse espaço que padecem sem o direito à urbanização.

Diminuir a segregação socioespacial e garantir um maior conforto e segurança aos favelados é também uma questão que deve ser intervinda pela Arquitetura e pelo Urbanismo, pois além de ser uma tipologia habitacional recorrente na atualidade, ela faz parte da realidade das cidades.

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